Hoje eu achei que eu ia chegar cedo no MPI e bater ponto antes das 8h pra acumular mais minutos para o meu banco de horas, mas Luis me pediu pra ir no aeroporto, buscar o isopor que o Jairo tinha mandado. Lá fui eu seguindo a voz da Waze pra chegar na parte de cargas, ao lado do aeroporto. Me perguntaram na entrada se o que eu vinha buscar era pesado. Eu disse que não, mas não tinha ideia do que vinha de Porto Velho. Estacionei onde o guarda indicou, peguei senha, fui atendida, preenchi formulário, o rapaz foi buscar e voltou dizendo que era pra eu trazer o carro, porque o pacote era pesado.
Na verdade, o isopor que o Jairo e a Siomara encheram de polpas congeladas de cupuaçu tinha a largura do porta-malas do carro. Voltei pra casa pensando no tamanho do nosso freezer. Quando Luis e eu abrimos a caixa, vimos muitas polpas de cupuaçu, uma de açaí e três que podiam ser tucumã, mas a cor era meio escura. Mesmo tirando tudo de dentro do freezer, não caberia tudo. Peguei as lancheiras (térmicas) da Agnes e consegui colocar três sacolas de 2k de polpa de cupuaçu dentro. Levei pro MPI.
Quando cheguei, o pessoal tava na rua, pedindo taxi pra ir no Bloco K, onde haveria reunião. Eu tinha que bater ponto antes de mais nada - e achar um freezer. Nossa sala tem um frigobar, e nele couberam as três polpas certinho. Pra quem eu daria esses presentes? Pro pessoal do Norte, que conhece e sente saudade desse sabor. Se eu desse 2k de polpa congelada pra quem não tem o hábito de consumir a fruta, eu teria que ensinar umas receitas junto.
Pensei primeiro no Jecinaldo Sateré, porque ele me vê como alguém que veio de Porto Velho, ele é do Norte e conta história de picada de cobra, viagem de barco, se perder na mata. Depois pensei na Juma Xipaia, nossa secretária - que conhece o Jairo, olha que mundo pequeno! Por fim, na falta da Altaci, que está com a Ministra na França, escolhi a Rose, nossa chefe de gabinete que me agradeceu efusivamente e me disse que cupu fresco vale ouro.
Quando cheguei em casa pro almoço, Luis tinha feito açaí batido com banana. Se tivesse mais três copos, eu tomava. Esse açaí da terra do Jairo não tem xarope de guaraná, ou seja, você não encontra açaí puro em loja nenhuma em PVH. Depois do almoço, Agnes tinha escola e hoje eles fariam um escondidinho na aula de culinária. Agnes levava carne moída na lancheira. Botei uma polpa de buriti junto. No caminho pra escola, Agnes e eu fomos pensando nas condições da escola pra fazer suco de buriti e chegamos à conclusão de que precisava de açúcar também. Paramos no mercado e compramos um saco de açúcar.
Luis chamou o amigo dos velhos tempos, que nos apresentou Brasília quando chegamos, e lhe deu uma polpa de cupuaçu. Levou outra polpa pro trabalho. Conseguimos esvaziar o isopor, mas tem que abrir a porta do freezer segurando polpa pra não cair pra fora. Quando fui buscar Agnes na escola, a professora disse que o suco de buriti ficou fantástico e que todas as crianças (menos Agnes) adoraram o ilustre desconhecido. Confesso que eu não lembro do gosto de buriti. Mas temos polpas no freezer pra descobrir.
E assim é o tempo da fartura: de repente dá tanto, que tem que distribuir. Além de Jairo e Siomara nos mandarem um presentão, alegramos outras pessoas, trazendo a Amazônia pra perto.