terça-feira, 29 de maio de 2018

domingo, 27 de maio de 2018

31. Reunião Anual da ABEU

Fui à 31. Reunião anual da ABEU (Associação Brasileira de Editoras Universitárias) via Confins (onde esperei por 7 horas). Cheguei em Santos Dumont e peguei um Uber para a Fiocruz, onde aconteceu a abertura do evento. Quando fiz a primeira foto de mim, pra mandar pra Agnes, reconheci a moça que saiu na foto por acidente: ela foi minha aluna em Santa Maria, quando ministrei o curso de editoração de livros. Na época, ela era estagiária da editora da UFSM. Agora é revisora concursada.
Na abertura, Conceição Evaristo e Eliana Yunes deram o tom do evento e foram citadas, mencionadas e mostradas ao longo dos dias que se seguiram. Depois, no ônibus a caminho de Petrópolis, fui ouvindo relatos de gráficas muito ruins, revisores terceirizados muito ruins, fui percebendo a importância de ter uma equipe de editoração na editora e fui conhecendo meus pares: colegas editores.
Fui percebendo a presença marcante da Fiocruz nas rodas de conversa e na organização. Por mais que a Fiocruz tenha uma editora e uma postura politicamente defensável, eles não tratavam das pressões a que está sujeita uma editora universitária. Pressões burocráticas internas à universidade (por exemplo, a filiação da ABEU demorou um mês e meio para ser paga pela UNIR. O comprovante de pagamento me foi enviado no último dia do evento), pressão dos autores que precisam publicar (mas nem sempre apresentam material publicável), não ter equipe e ter que terceirizar o serviço que muitas vezes não é bem feito, não ter reconhecimento da própria instituição etc.
No penúltimo dia, as regiões se reuniram em separado. Na foto acima estão, da esquerda pra direita, o editor da Editora da UFRR, EDUFRA (Rural do Amazonas em Belém), UFAM, EDUFT (Tocantins), EDUFRO (eu) e dois da Editora da UEA. Fizemos um pacto de nos ajudarmos mutuamente, porque percebemos que temos realidades similares.

Durante o evento, além do pessoal da Fiocruz, falaram representantes da CAPES, FAPEMIG, Biblioteca da UFSC, Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Assessor da Senadora Fátima Bezerra e alguns editores notáveis (ou pelo tempo no exercício da função ou pela atividade pós-lançamento: participação em feiras, festivais, bienais, conversas com autor, oficinas, performances na praça).

Eu assumi a Edufro há menos de um ano e ainda não acompanhei nenhum livro da submissão à publicação. Mas eu montei o catálogo da editora, para que a comunidade soubesse o que a Edufro já publicou, fiz o novo site da editora, convidei o Conselho Editorial, conversei com Pró-Reitores, Diretores de Núcleo e Coordenadores de Programas de Pós sobre suas demandas, chamei novos parecersitas ad hoc a se cadastrarem, propus novo regimento interno e uma política editorial (não tinha), comecei campanha de propaganda institucional com os estagiários e fui na Reitoria pedir financiamento de publicação de livro. Ter participado desse encontro me fez sentir menos solitária nessa jornada e mais armada de argumentos para negociar por uma equipe maior que eu + 2 estagiários.

Aí começaram os rumores sobre a greve, o medo de não conseguir voltar pra casa. Havia iniciado uma greve forte dos caminhoneiros que impedia o combustível de chegar aos postos. Sem gasolina, sem abastecimento (alimentos, transporte, serviços), todo mundo parado. Era a tão esperada greve dos trabalhadores, mesmo que eles fossem, em sua maioria, passivos. Muitos de nós, participantes da Reunião da ABEU, estávamos hospedados numa terceira pousada, indicada pelo site da ABEU, mas não atendida pela van da Fiocruz. Já desde o primeiro dia nos acostumamos (nós da foto acima e outros) a fazer rodízio de quem pede Uber pra ir pro Palácio do Itaboraí ou de volta pra pousada. No último dia, pegamos um Uber com placa de Duque de Caxias bem desorientado. Perguntei como ele tinha vindo parar em Petrópolis e ele respondeu que tinha trazido um grupo de pessoas que não estava conseguindo ônibus pra Petrópolis devido à greve. Começamos a entender o que se passava no resto do país.

Fomos em dois ônibus para os aeroportos SDU e GIG. Muitos voos cancelados, outros tantos atrasados. Até Confins estava tudo certo, segundo o rapaz do check-in, e depois de lá também, porque Confins ainda tinha combustível. Brasília é que não tinha. O avião foi abastecido, 50 minutos de voo depois, chegamos em Confins. Saímos do avião, mas eu voltaria, já que o mesmo avião seguiria pra PVH. Entramos confiantes, vimos o caminhão abastecendo o avião de novo e daí o piloto informou que o combustível do caminhão tinha acabado enquanto nos abastecia. Havia notícia de um caminhão que vinha escoltado para o aeroporto. A mulher atrás de mim parou de falar e cantar de Jeová e resolveu colocar música de louvor bem alto no celular pra todo mundo ouvir. Essa parte, de como cada um lida com o desespero, foi difícil de suportar. Pedi pra ela colocar os fones dela. Uma hora depois da hora prevista, fomos abastecidos e partimos.

Em Porto Velho não teve Uber (por R$ 16,00) e tive que pegar taxi (por R$ 55,00). Mas pelo menos tinha taxi! A caminhada teria sido bem longa e penosa...

domingo, 20 de maio de 2018

Jogo Ka

Agnes e eu recuperamos esse jogo de uma gaveta pouco usada. Chama-se Jogo Ka e foi feito (pensado e materializado) pelos meus pais, quando eles tinham a fábrica de brinquedos. Como a minha família reconhece o Jogo Ka, mandei essas fotos pra minha tia, pro meu irmão e pra cuidadora do meu pai pelo whatsapp (minha mãe não tem whats). Ulla logo reconheceu o jogo, mas lamentou que não se lembrava das suas regras.

Philip fez duas perguntas: jogo Ka? Você sabe jogar? Pra ambos eu respondi que Agnes ditava as regras do jogo. Por exemplo, como montar o tabuleiro, onde colocar quais peças e como desmontar tudo depois. O jogo é tão móvel.

A cuidadora do Harro disse que mostraria as fotos pra ele, mas não tive retorno. Talvez ele se lembre do jogo e das regras. Philip me contou que Harro tinha orgulho de ter inventado um jogo melhor que xadrez.
Agnes ainda é muito nova pra jogar xadrez, mas joga Jogo Ka do jeito dela.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Editora para autores e editora para leitores


Editoras comerciais publicam quem paga e o que vende. Editoras universitárias têm um compromisso com a divulgação do conhecimento produzido na/para a universidade, mesmo que seus livros não tenham apelo comercial. Isso não significa, contudo, que a editora publica livros para atender às necessidades do autor sem considerar o público leitor.

Editora para autores
No contexto da lógica produtivista que mede quantidade em detrimento de qualidade, publicar capítulos de livros conta pontos no Lattes e na progressão funcional. No entanto, a necessidade de garantir estes pontos não pode ser o único estímulo para os autores. O livro não pode ser pensado apenas a partir das necessidades do autor, deve ser elaborado para um público leitor. Isso parece óbvio do ponto de vista do leitor, mas não de editoras para autores. Editais de publicação para publicar livros aprovados em editais anteriores é uma estratégia da editora atender à demanda de seus autores, fazendo com que os autores entendam a editora como um selo, não como uma editora que propõe projetos editoriais e que submete as propostas de livro a um processo de avaliação em três etapas: avaliação do editor, avaliação cega por pares e avaliação do Conselho Editorial.
Agências de fomento como a Capes e Cnpq estabelecem diretrizes formais para as publicações dos autores ao valorizar mais publicações do que participações em eventos. Para fins de progressão funcional, por exemplo, publicar a tese conta mais que publicar um artigo em periódico nacional. Publicar um capítulo de livro vale tanto quanto organizar uma coletânea. Participar de congresso, dialogar com os pares sobre o seu trabalho, expor o seu trabalho oralmente não conta pontos para fins de progressão funcional. Essa ordem de valores influencia as escolhas das pessoas.
Há quem faça o cálculo comparativo entre os gastos de uma ida a congresso (e consequente publicação em anais) e os gastos da publicação de uma coletânea. O resultado é que reunir textos de alunos numa coletânea e publicá-la (rateando os custos entre os autores) por uma editora comercial sai mais barato que enviar esses mesmos alunos para congressos. Acontece que os textos produzidos pelos alunos (normalmente artigos que servem como avaliação de fim de curso) dificilmente seriam aceitos por revistas científicas, se submetidos individualmente. Trata-se de estudos de caso que aplicam a teoria/metodologia apreendida durante um curso. Ou essa metodologia se dilui nos textos, ou é repetida exaustivamente em cada texto. Em ambos os casos, o leitor não entende por que esses textos estão juntos no mesmo livro e não percebe o fio vermelho que os costura. Em algumas coletâneas, os organizadores aparecem numa lista enorme, e assim cresce o número de pessoas que ganham pontos por publicação.
A ciência tem como característica definidora o diálogo entre pesquisadores. Nesse sentido, coletâneas são ótimos espaços para mostrar pesquisas coletivas, que se desenvolveram em diferentes laboratórios, por diversos pesquisadores que se debruçam sobre um mesmo problema. O papel do organizador do livro é dar vida e sentido à coletânea: seja propondo o trabalho coletivo aos autores, seja dirigindo - como um maestro - a produção dos textos, seja ordenando e justificando a ordem dos capítulos. Por isso o trabalho de costurar textos reunidos, escritos com diferentes propósitos (por exemplo, a aprovação ao final de um curso) é tão difícil e às vezes impossível.
Quando o livro é de um autor, editoras para autores publicam trabalhos que o autor já tinha pronto (dissertação ou tese, relatório de pesquisa ou algo que o valha) e adequou ao formato de livro. Fazer do livro a obra da vida inteira já não é mais projeto de ninguém nos dias de hoje. Infelizmente o que é posto em relevo é a produtividade do autor.
Na EDUFRO, poucos títulos são de autores/organizadores não ligados à universidade em que se situa a editora. Dos autores não vinculados à UNIR, quase todos publicaram literatura, e dentre eles está o atual governador do Estado, que publicou crônicas e contos. A maior parte das editoras universitárias não aceita propostas de ficção – e não temos exemplos de romances significativos publicados por editoras universitárias, porque os três pilares da universidade são ensino, pesquisa e extensão. A maior parte das editoras universitárias tradicionalmente prioriza a pesquisa. Contudo, não há publicação de pesquisa por parte de professores de outras instituições pela EDUFRO. Isso quer dizer que grande parte do conhecimento produzido sobre a Amazônia e Rondônia não se capilariza, não promove o diálogo onde o conhecimento é produzido.

Editoras para leitores
Editoras universitárias reputadas como a Edusp, Editora da UFMG, Fundação Editora da Unesp etc. publicam autores da instituição e fora dela em todas as modalidades que elas publicam. Organizam seu catálogo em séries e coleções e jamais algum autor pergunta para uma editora dessas se ela pode dar seu selo para um livro editado por outras editoras. Submeter um livro nessas editoras não equivale a pedir um favor, mas submeter o livro à avaliação. O autor/organizador sabe que a avaliação leva em conta a qualidade e relevância do texto e o potencial que o livro tem de se tornar referência.
O processo de avaliação da proposta de livro por dois pareceristas não identificados que não conhecem a identidade do(s) autor(es) é de suma importância numa editora universitária, bem como a avaliação que o Conselho Editorial faz do manuscrito com base nos pareceres. O livro é avaliado por seu mérito, não pela necessidade do autor/organizador de publicar.
A EDUFRO, que existe para suprir uma enorme lacuna editorial em Rondônia, não foi projetada para ser uma editora universitária. Fundada em 2001, seu primeiro regimento interno apareceu em 2008 e sua primeira proposta de política editorial foi elaborada na gestão atual. As regras de publicação não eram conhecidas pela comunidade, e talvez por isso os professores da UNIR se sentissem tão à vontade para pedir o selo da EDUFRO.
A ABEU (Associação Brasileira de Editoras Universitárias) se empenha, através de projetos de lei específicos para editoras universitárias[1], em possibilitar a plena profissionalização das editoras universitárias. A primeira reivindicação relaciona-se à rotatividade dos gestores na Reitoria (à qual a maioria das editoras universitárias é ligada), o que afeta a continuidade da gestão da editora, visto que o editor é indicado pelo reitor. A segunda diz respeito à equipe e a profissionalização do pessoal técnico que trabalha na editora. Em seguida vem a organização e dilatação do tempo para realizar programas/projetos editoriais. Por fim, destaco um mecanismo que estabelece que uma porcentagem mínima do orçamento da universidade seja regularmente direcionada para a editora. Autonomia, equipe competente, objetivos editoriais e financiamento continuado é o que qualquer editora para autores deseja para se transformar em editora para leitores e merecer o nome de editora universitária.




Lou-Ann Kleppa
Editora da Edufro
Portaria nº 557/2017/GR/UNIR


[1] Uma lei para as Editoras Universitárias. Revista Verbo, n. 12, 2015, p. 19.

domingo, 13 de maio de 2018

Dia das mães

Dedos na boca

Onde está Agnes?



sábado, 5 de maio de 2018

Elogio ao jardim

Nosso jardim está em flor.
Bromélia no pé de manga massa



Segundo Agnes, esse é uma flor-menina



Estamos colhendo muito coco

Orquídeas que Agnes ganhou no primeiro aniversário

Lágrimas de Cristo