Hoje foi dia de seminário em Morfologia. Os textos propostos para os grupos tinham diferentes graus de extensão e complexidade, por isso eu podia esperar uma certa heterogeneidade das apresentações. O que não podia esperar, no entanto, era que um grupo silenciasse o texto que deveria apresentar.
O tema era concordância nominal, um assunto bastante tratado na escola e que estigmatiza o falante quando ele não marca o plural nos satélites do nome ou no próprio nome (os menino feio). Os alunos anunciaram que o texto que eles deveriam apresentar era científico, porém muito complexo, portanto iam se basear na Gramática Tradicional.
Ora, a Linguística costuma partir da Gramática Tradicional, porque ela é bastante disseminada, é a base comum, mas não serve aos propósitos da Ciência da Linguagem, já que apresenta regras de escrita ideal: o bom português - não como ele é, mas como deveria ser, se seguíssemos os bons poetas e literatos. A Gramática Tradicional é ponto de partida da Linguística para ser criticada depois, já que a Gramática Tradicional não se interessa pelo falante, pela sociedade que fala, pela língua em uso.
Na fala deles, apareceram o erro, o analfabeto que não sabe as coisas, ajudar o aluno, a regra culta. Disseram que o bom professor tinha que ter boa formação, bom senso e percepção social. Senti forte carga emotiva no grupo, como se tivessem pudores ou abjeção pessoal contra a variedade popular. Senti que a Gramática Tradicional virou Bíblia, hétero, correto, segurança.
Tive a impressão que os alunos se recusaram a reproduzir o texto em que a concordância da variante não-padrão (popular) é descrita e explicada, porque assim estariam ensinando à sua plateia como falar errado. Suspeito que não admitam que o que não é "certo" tem regras - para além de estar errado: ordem no caos? Tive a impressão de que esperavam que as aulas que se dá na universidade devem ser possíveis de ser dadas numa escola, para os alunos deles; que basta reproduzir o conteúdo e passá-lo adiante.
Mais tarde entendi que concordância nominal (e verbal) deve ser tabu pra eles, motivo de preconceito sofrido na pele. Eles entraram em Letras pra "aprender o português certo", não para refletir sobre a linguagem e por que a gente se entende quando usa a linguagem. Eles entraram em Letras porque perderam a prescrição na escola, se sentem no prejuízo.
terça-feira, 24 de abril de 2018
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Tchau, criancinhas
No começo, quando eu ia buscar a Agnes na escolinha (nessa em que ela está agora), ela dizia: "Tchau, kiancinhas, vou pra casa!" Agora que ela já está frequentando a escolinha faz mais de mês (tempo recorde que ela ficou seguidamente indo numa escolinha), ela fala das tias, das amigas, dos coleguinhas.
Chora quando a gente veste o uniforme nela, grita "escolinha não!", mas depois confessa que gosta de lá, das tias e dos coleguinhas. Buscar a menina na escola não é mais equivalente a salvá-la, como ela nos dava impressão nas escolinhas anteriores.
Chora quando a gente veste o uniforme nela, grita "escolinha não!", mas depois confessa que gosta de lá, das tias e dos coleguinhas. Buscar a menina na escola não é mais equivalente a salvá-la, como ela nos dava impressão nas escolinhas anteriores.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
Quarentei
Cheguei aos 40 anos de idade.
Em dez dias, minha filha completa dois.
Duas arianas.
Agnes nasceu na véspera do impeachment da Dilma.
Eu completei 40 na véspera da prisão do Lula.
Dois presidentes pelo PT.
Que matemática!
Em dez dias, minha filha completa dois.
Duas arianas.
Agnes nasceu na véspera do impeachment da Dilma.
Eu completei 40 na véspera da prisão do Lula.
Dois presidentes pelo PT.
Que matemática!
terça-feira, 3 de abril de 2018
Consertar um Mac em Porto Velho
No fim de janeiro, logo depois que voltamos de férias, Agnes e eu estávamos conversando com a Oma no Skype, quando a menina no meu colo conseguiu abrir o copinho com líquido de fazer bolhas de sabão. O líquido se espalhou pelo teclado e minha mãe disse que deixou de nos ouvir por um momento. Conectei logo o HD externo, para que todos os dados fossem copiados enquanto durasse a bateria, mas ela não durou o suficiente. O teclado não respondia.
Desliguei e liguei de novo o computador, mas a primeira tela era da senha, e como nenhum botão de letra reproduzia letras, não consegui fazer mais nada.
Procurei uma assistência técnica autorizada da Apple em Porto Velho. Não tem. Tem uma especializada. Levei o computador lá. Suspeitaram que o problema fosse apenas o teclado, fizeram orçamento e encomendaram um teclado que veio por Sedex. Chegou o teclado, instalaram, mas não deu certo. Disseram que o teclado tinha vindo com defeito. Achei estranho uma peça MacIntosh ter defeito, mas mesmo assim autorizei que encomendassem um segundo teclado. Esse não veio por Sedex. Três semanas depois, quando perguntei na loja especializada se o teclado tinha chegado, o rapaz me mandou o localizador do objeto nos Correios. Vi que o teclado tinha sido postado da Santa Ifigênia (SP), o maior camelódromo de eletrônicos que conheço.
Chegou o segundo teclado, comecei a pressionar pra que consertassem logo o meu computador, afinal de contas, eu já estava fazia mais de mês sem computador. Amanhã damos uma posição. Quatro dias depois, o próprio técnico me escreveu mensagem no whats, dizendo que ele suspeitava que o problema não era somente o teclado, mas também a placa lógica. No dia seguinte, concluiu que o problema era a placa lógica mesmo, que tinha oxidado, porque agora que ele tinha trocado a placa lógica, o computador tinha voltado a ligar. Peraí, quando eu entreguei o computador, ele ligava. Mandou fotos da tela pra provar que estava funcionando perfeitamente e do teclado - com caracteres russos ocupando metade das teclas.
Briguei com o técnico e com a loja por whats e fui lá, retirar o meu computador. Ah, mas seu computador não está aqui. Nem o técnico não estava, porque era terceirizado e não trabalhava para a loja especializada no horário comercial. Dois meses depois de ter entregue o computador para a loja especializada, consegui retirá-lo. Não paguei nada (nem o correio, nem os teclados), porque eles tavam se sentindo muito mal de terem se enrolado tanto.
Peguei o telefone e liguei pra assistência autorizada da Apple mais próxima daqui: Manaus. Não aceitam computadores enviados pelo Correio nem consertam nada que tenha sido exposto a líquido, porque oxida e uma peça vai estragando a outra. Liguei pra autorizada de Brasília e o rapaz me perguntou de que ano era o meu computador. 2011. Pois então: nenhuma autorizada pega qualquer máquina mais antiga que 5 anos pra conserto. Política da Apple. Obsolescência programada.
Um orientando do meu marido, entendido em coisas de informática, me indicou um técnico que conserta peças, ao invés de apenas trocá-las. Levei lá. Todos me disseram que eu não podia dar a ele o diagnóstico anterior. Depois de duas semanas, perguntei se ele tinha encontrado o defeito. Placa mãe queimada. Imaginei que placa mãe e placa lógica são dois nomes que apontam para o mesmo objeto no mundo. Sabia que esse técnico não tinha acesso a peças Mac para trocar e fazer testes. Perguntei quanto custava uma placa mãe. R$ 1.700,00 foi a resposta.
Gastei horas e horas vendo computadores usados no Mercado Livre. Avisei ao técnico que compraria então um computador usado, igual ao meu por R$ 2.000,00. Queria colocar o HD que contém todos os meus dados no novo (usado) computador. Combinamos assim. Ele me perguntou se eu não queria vender o meu velho como sucata, já que aparece muito Mac pra ele consertar e ele não tem as peças. Concordei, mas não falamos de valores.
Investi horas pesquisando computadores. Demorei muito a peneirar as opções e depois demorei muito pra me decidir entre os três finalistas. Acabei escolhendo o mais barato, mas que tinha o frete expresso mais caro. Apertei o botão de "finalizar compra" pelo Mercado Livre e deu erro. Tentei de novo, erro. Inseri os dados do cartão de crédito manualmente. Erro. Por pura teimosia, tentei mais algumas vezes. Não deu. Escolhi outro computador. Li a descrição, concordei, apertei o botão de "finalizar a compra" achando que não daria certo, mas deu. E eu não lembrava mais o que tinha comprado. E o anúncio não estava mais disponível, já que eu tinha efetuado a compra. Fui dormir com esse barulho na minha cabeça.
Na manhã seguinte, 7:30, toca o telefone. Era o meu banco perguntando se eu tinha feito movimentações suspeitas na noite anterior. Sim, fui eu, e eu quero saber por que não consegui efetuar a compra logo de primeira. Por motivos de segurança. Achei uma droga a segurança ser o bloqueio, mas depois fiquei sabendo que meu marido teve seu cartão clonado e foram feitas muitas compras de valor alto no Mercado Livre. Ele ficou achando o meu banco muito bom.
O frete expresso significava entrega em 5 dias úteis. Numa semana que tem feriado, isso significa: semana que vem, meu bem. Eu tinha taquicardias quando passava por carros amarelos dos Correios. Não aguentei a ansiedade e escrevi pro vendedor: qual é o ano do computador que eu comprei? 2011. Ufa, igual o meu velho!
Ontem de manhã recebi sms dos Correios avisando que o computador tinha saído pra entrega às 9:40 da manhã. Minha vontade era de ficar sentada na frente de casa, esperando o carteiro, mas a família e a casa tinham demandas mais urgentes. O vendedor me mandou mensagem dizendo que o computador tinha saído pra entrega. Eu sabia que eu não receberia a encomenda. Quando Agnes e eu estávamos saindo do condomínio atrasadas pra escolinha e pra aula, vi o furgão amarelo dos Correios na primeira rua do condomínio. Marido recebeu o pacote e mandou mensagem avisando que tinha chegado.
Hoje fui lá na assistência técnica onde o meu velho computador foi declarado sucata. Ligamos o novo Mac. Sistema operacional High Sierra. O técnico desligou o computador, abriu o notebook, retirou o hd e colocou o meu velho. Ligou de novo. Tela branca por 30 segundos, daí que apareceu a maçã. Devagar, foi processando as informações. Ligou e tava tudo lá, no sistema El Capitan. Negociamos o valor do Mac sucata. O acordo em que chegamos corresponde a metade da minha proposta inicial e o dobro da proposta inicial dele. Acho que foi bom negócio.
Desliguei e liguei de novo o computador, mas a primeira tela era da senha, e como nenhum botão de letra reproduzia letras, não consegui fazer mais nada.
Procurei uma assistência técnica autorizada da Apple em Porto Velho. Não tem. Tem uma especializada. Levei o computador lá. Suspeitaram que o problema fosse apenas o teclado, fizeram orçamento e encomendaram um teclado que veio por Sedex. Chegou o teclado, instalaram, mas não deu certo. Disseram que o teclado tinha vindo com defeito. Achei estranho uma peça MacIntosh ter defeito, mas mesmo assim autorizei que encomendassem um segundo teclado. Esse não veio por Sedex. Três semanas depois, quando perguntei na loja especializada se o teclado tinha chegado, o rapaz me mandou o localizador do objeto nos Correios. Vi que o teclado tinha sido postado da Santa Ifigênia (SP), o maior camelódromo de eletrônicos que conheço.
Chegou o segundo teclado, comecei a pressionar pra que consertassem logo o meu computador, afinal de contas, eu já estava fazia mais de mês sem computador. Amanhã damos uma posição. Quatro dias depois, o próprio técnico me escreveu mensagem no whats, dizendo que ele suspeitava que o problema não era somente o teclado, mas também a placa lógica. No dia seguinte, concluiu que o problema era a placa lógica mesmo, que tinha oxidado, porque agora que ele tinha trocado a placa lógica, o computador tinha voltado a ligar. Peraí, quando eu entreguei o computador, ele ligava. Mandou fotos da tela pra provar que estava funcionando perfeitamente e do teclado - com caracteres russos ocupando metade das teclas.
Briguei com o técnico e com a loja por whats e fui lá, retirar o meu computador. Ah, mas seu computador não está aqui. Nem o técnico não estava, porque era terceirizado e não trabalhava para a loja especializada no horário comercial. Dois meses depois de ter entregue o computador para a loja especializada, consegui retirá-lo. Não paguei nada (nem o correio, nem os teclados), porque eles tavam se sentindo muito mal de terem se enrolado tanto.
Peguei o telefone e liguei pra assistência autorizada da Apple mais próxima daqui: Manaus. Não aceitam computadores enviados pelo Correio nem consertam nada que tenha sido exposto a líquido, porque oxida e uma peça vai estragando a outra. Liguei pra autorizada de Brasília e o rapaz me perguntou de que ano era o meu computador. 2011. Pois então: nenhuma autorizada pega qualquer máquina mais antiga que 5 anos pra conserto. Política da Apple. Obsolescência programada.
Um orientando do meu marido, entendido em coisas de informática, me indicou um técnico que conserta peças, ao invés de apenas trocá-las. Levei lá. Todos me disseram que eu não podia dar a ele o diagnóstico anterior. Depois de duas semanas, perguntei se ele tinha encontrado o defeito. Placa mãe queimada. Imaginei que placa mãe e placa lógica são dois nomes que apontam para o mesmo objeto no mundo. Sabia que esse técnico não tinha acesso a peças Mac para trocar e fazer testes. Perguntei quanto custava uma placa mãe. R$ 1.700,00 foi a resposta.
Gastei horas e horas vendo computadores usados no Mercado Livre. Avisei ao técnico que compraria então um computador usado, igual ao meu por R$ 2.000,00. Queria colocar o HD que contém todos os meus dados no novo (usado) computador. Combinamos assim. Ele me perguntou se eu não queria vender o meu velho como sucata, já que aparece muito Mac pra ele consertar e ele não tem as peças. Concordei, mas não falamos de valores.
Investi horas pesquisando computadores. Demorei muito a peneirar as opções e depois demorei muito pra me decidir entre os três finalistas. Acabei escolhendo o mais barato, mas que tinha o frete expresso mais caro. Apertei o botão de "finalizar compra" pelo Mercado Livre e deu erro. Tentei de novo, erro. Inseri os dados do cartão de crédito manualmente. Erro. Por pura teimosia, tentei mais algumas vezes. Não deu. Escolhi outro computador. Li a descrição, concordei, apertei o botão de "finalizar a compra" achando que não daria certo, mas deu. E eu não lembrava mais o que tinha comprado. E o anúncio não estava mais disponível, já que eu tinha efetuado a compra. Fui dormir com esse barulho na minha cabeça.
Na manhã seguinte, 7:30, toca o telefone. Era o meu banco perguntando se eu tinha feito movimentações suspeitas na noite anterior. Sim, fui eu, e eu quero saber por que não consegui efetuar a compra logo de primeira. Por motivos de segurança. Achei uma droga a segurança ser o bloqueio, mas depois fiquei sabendo que meu marido teve seu cartão clonado e foram feitas muitas compras de valor alto no Mercado Livre. Ele ficou achando o meu banco muito bom.
O frete expresso significava entrega em 5 dias úteis. Numa semana que tem feriado, isso significa: semana que vem, meu bem. Eu tinha taquicardias quando passava por carros amarelos dos Correios. Não aguentei a ansiedade e escrevi pro vendedor: qual é o ano do computador que eu comprei? 2011. Ufa, igual o meu velho!
Ontem de manhã recebi sms dos Correios avisando que o computador tinha saído pra entrega às 9:40 da manhã. Minha vontade era de ficar sentada na frente de casa, esperando o carteiro, mas a família e a casa tinham demandas mais urgentes. O vendedor me mandou mensagem dizendo que o computador tinha saído pra entrega. Eu sabia que eu não receberia a encomenda. Quando Agnes e eu estávamos saindo do condomínio atrasadas pra escolinha e pra aula, vi o furgão amarelo dos Correios na primeira rua do condomínio. Marido recebeu o pacote e mandou mensagem avisando que tinha chegado.
Hoje fui lá na assistência técnica onde o meu velho computador foi declarado sucata. Ligamos o novo Mac. Sistema operacional High Sierra. O técnico desligou o computador, abriu o notebook, retirou o hd e colocou o meu velho. Ligou de novo. Tela branca por 30 segundos, daí que apareceu a maçã. Devagar, foi processando as informações. Ligou e tava tudo lá, no sistema El Capitan. Negociamos o valor do Mac sucata. O acordo em que chegamos corresponde a metade da minha proposta inicial e o dobro da proposta inicial dele. Acho que foi bom negócio.
domingo, 1 de abril de 2018
Feliz Páscoa!
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