O distrito [de Jacy] concentrou a maior parte dos trabalhadores que se deslocaram à região de Porto Velho para a construção das barragens do Madeira, além de ser atingido pelo reservatório das duas hidrelétricas. Em cinco anos, a população de Jacy Paraná saltou da faixa de 3 mil habitantes para cerca de 20 mil. (Fonte: http://www.mabnacional.org.br/noticia/atingidos-jacy-paran-prometem-manter-mobiliza-es-ap-s-omiss-das-empresas)
Anteontem, trancaram a BR 364 (única via de acesso terrestre a Porto Velho, Rondônia) em protesto contra a ausência do Estado e cobram a contrapartida da usina. Quando quiseram apresentar a pauta de reivindicações, nem o prefeito nem qualquer representante da usina compareceu.
Os operários que construíram a usina voltam aos seus locais de origem, fica o legado:
O responsável pela hidrelétrica de Jirau é o consórcio Energia Sustentável do Brasil S.A., formado pelas empresas GDF Suez (50,1%), Eletrosul (20%), Chesf (20%) e Camargo Correia Investimento em Infraestrutura (9,9%). 49% das ações do consórcio são controladas por estatais e o BNDES financiou 7 bilhões de reais para a construção da usina, aproximadamente 70% do valor total.
O processo de implementação da usina é marcado por um conjunto de fatos que evidenciam o descumprimento da legislação ambiental, trabalhista e a violação dos direitos humanos dos trabalhadores da obra e das populações atingidas. (Fonte: http://www.mabnacional.org.br/noticia/mab-e-moradores-jaci-paran-trancam-rodovia-em-rond-nia)
Hoje as obras estão sendo concluídas e os postos de trabalho no canteiro de obras estão se fechando. Neste contexto o caos social se intensifica com a diminuição do comércio e empregos indiretos que atraíram milhares de pessoas à região. O que resta hoje são menos terras férteis para os agricultores, menos florestas para o extrativismo, menos peixes para os pescadores, menos áreas de mineração, menos condições de atendimento médico, menos vagas nas escolas, menores condições de saneamento básico e moradia digna. Ficam mais famílias atingidas por barragens, mais famílias sem terras, sem teto, sem condições de produção, mais violência, principalmente contra crianças, mulheres e adolescentes.
Segundo o relatório (Relatório Nacional para o Direito ao Meio Ambiente Plataforma Dhesca Brasil) da Plataforma Dhesca, apresentado ainda em 2011, entre as várias consequências estão:
- O aumento de homicídios dolosos cresceu 44% em Porto Velho entre 2008 e 2010, e a quantidade de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual subiu 18%. O número de estupros cresceu 208% em Porto Velho entre 2007 e 2010;(A matéria completa pode ser lida aqui.) Onde está meu futuro marido? Lá, onde não tem delegacia, iluminação pública, asfalto, coleta de lixo, creche, agência bancária, nem pega sinal de celular.
- A migração para o município de Porto Velho foi 22% superior ao previsto no Estudo de Impacto Ambiental.