A temperatura real é de 37°C, mas a sensação térmica é de 43°C. Já imaginou? Pois eu sinto na pele pegajosa. Sou uma goteira ambulante que não consegue dormir de noite. As paredes da casa não esfriam, não há vento que alivie esse calor infernal.
Já faz uma semana que, todo dia, a previsão do dia é de 3 a 5 mm de chuva. Essa água prometida não chega ao chão.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
O trabalho
O trabalho me comeu um dia inteiro
O trabalho me comeu a produtividade
O trabalho me comeu o almoço
O trabalho me comeu a alegria de trabalhar
O trabalho me comeu o cérebro
O trabalho me consumiu.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
...and counting
Pro meu estágio probatório, tive que escrever um memorial descritivo das minhas atividades realizadas no primeiro ano de vida docente na Unir. Me espantei com o tanto de coisa que fiz em um ano. O memorial ficou com cinco páginas.
***
Durante a Abralin, me perguntaram quanto tempo fazia que eu tava em Porto Velho.
- Um ano, um mês e dezoito dias.
- As horas você não contou?
- Hehehe.
- Legal, aqui, hein?
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Outra mudança em vista
E daí que eu me sinto super bem morando na Vila? E daí que eu plantei maracujá doce, laranja, limão e mamão de sementes trazidas de São Paulo, pitanga de semente trazida de Floripa, jambo e palmeira trocados por pen drive, bicos de papagaio negociados pela metade do preço na floricultura e um abacateiro que despontou na composteira? E daí que eu tenho um gato enterrado no jardim? E daí que eu gosto dessa casa grande, de madeira, com pé-direito alto?
A proprietária avisou na imobiliária que não quer renovar o contrato (que vence dia 11 de janeiro), porque quer reformar a casa. Reformar não significa trocar o telhado (reforma orçada em R$ 12.450,00), fazer a pintura (orçada em R$ 4.500,00) e botar piso laminado (orçado em aproximadamente R$ 5.000,00). Pra ela, reformar significa derrubar e fazer outra.
A casa já deve ter seus 20 anos e está sendo comida pelo tempo: as goteiras furam o chão de madeira, a parede externa, especialmente ali onde pinga a aguinha do ar condicionado, está apodrecendo, se mexer no registro do meu banheiro, a água vaza pela parede. Além disso tudo, a casa é dela e ela faz o que bem entender com os seus bens.
Meu primeiro impulso foi pedir à proprietária que me deixasse ficar mais dois anos. Quando Robson riu da minha ingenuidade, percebi que dois meses já seria uma grande conquista. Sair em janeiro seria um problema de ordem prática: estarei desfrutando das minhas primeiras férias, do outro lado do oceano.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Once
O filme é de 2006, e nem sei mais como é que só foi cair na minha mão agora, quatro anos depois de seu lançamento. Também não lembro como foi que o título do filme me chamou atenção. O fato é que gostei pacas desse filme simples e despretensioso.
Na esteira da explicação da Maíra, gostamos de coisas com as quais nos identificamos. Apesar de nunca ter tocado nenhum instrumeto musical a sério, tenho amigos que já fizeram as vezes de músico de rua que recebe seus trocados no chapéu. Por tabela, me identifiquei com o músico de rua que de dia toca as músicas conhecidas e de noite, quando ninguém pára para escutá-lo, toca as próprias composições.
Me identifiquei muito com a moça imigrante que, dadas as condições sociais, não tem oportunidade de praticar sua paixão. Enquanto ela precisa trabalhar como faxineira e vendedora de flores para sobreviver, estou dando aulas de Texto para alunos mal escolarizados. A heroína sem nome toca piano numa loja de instrumentos com a permissão do dono da loja. Eu analiso os textos dos meus alunos à procura de construções de tópico. Enquanto ela invade a vida do músico de rua para fazerem música juntos, fui a companheira que não acompanha (e viva Luiz Tatit) do moço que me despertou para o prazer intelectual da pesquisa em Linguística.
Se a necessidade é a mãe das invenções, o pé na bunda é o pai da criatividade. Tanto o moço que toca violão como a moça que toca piano estão emocionalmente em pandarecos, compondo canções lindíssimas. E aí a decisão do diretor de escolher dois músicos (e não dois atores) para os papéis principais foi muito acertada. O amor frustrado dos dois segue em pararelos próximos, mas cada um toma o seu rumo. E aí sabemos que não estamos diante de um filme de Hollywood em que "viveram felizes para sempre".
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Longe
Longe não é uma distância que se mede só em quilômetros.
Ouvir os meus amigos, que vieram pra Abralin, falando sobre os problemas cabulosos que estão estudando, me faz pensar em quantos aviões eu teria que tomar para chegar numa boa biblioteca.
Ouvir Renato e Maria Luiza falando de seus orientandos joinhas, autônomos e intelectualmente independentes, me faz pensar que estou a milhas e milhas distante deles.
Ouvir um aluno de último ano em Letras dizer que naquela lista de substantivos tem pouco verbo, e teimando que 'abotoadura' é um verbo que vem de 'abotoar', me joga a anos luz de onde eu queria estar.
domingo, 12 de setembro de 2010
Tentei
Renato, Pablares e Malu chegam hoje no aeroporto de Porto Velho. Ficarão uma semana aqui, para o congresso da Abralin em Cena - Rondônia.
Numa atitude pró-ativa, resolvi alugar um carro para poder taxear os meus amigos entre hotel, Unir, restaurante e balada (se ainda houver cérebro depois de um dia inteiro de mental work). Quando comecei a comentar que pretendo alugar um carro, Renato foi o primeiro a tentar me dissuadir da ideia: a organização da Abralin vai providenciar o transporte. O segundo foi o meu chefe, depois a encarregada na Unir de organizar a Abralin. Daí o Renato avisou que o carro prometido tinha miado e que seria uma boa eu assumir o papel de motorizada, sim.
Decidida a alugar um carro, pedi ajuda pra Cynthia: se eu fosse pedalando pro centro da cidade, eu poderia voltar dirigindo, mas o que eu faria com a bicicleta? Marquei com a Cynthia de irmos juntas à locadora num carro e voltarmos distribuídas em dois veículos.
Decidida a alugar um carro, pedi ajuda pra Cynthia: se eu fosse pedalando pro centro da cidade, eu poderia voltar dirigindo, mas o que eu faria com a bicicleta? Marquei com a Cynthia de irmos juntas à locadora num carro e voltarmos distribuídas em dois veículos.
O cara da locadora tinha pedido pagamento adiantado em dinheiro. De manhã, fui de bicicleta até o caixa eletrônico ao lado do Hospital João Paulo. O caixa estava escuro e a máquina que cospe dinheiro estava imersa na obscuridade. No vidro fumê da porta do caixa, havia um cartaz: NEM TENTE.
Resignada, fui tentar o caixa eletrônico do supermercado na Jatuarana. Consegui. Voltei pra casa e esperei a Cynthia. Quando ela chegou aqui, me disse que me emprestava o dela e que não era pra eu alugar carro, não.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Não é simples
Já percebi que sou bastante tolerante pra julgar filmes: um filme precisa ser obviamente ruim, falso ou omisso para que eu o considere ruim. Mas nem todos os filmes são facilmente classificáveis como bons ou ruins. Não é sempre simples assim. Alguns incomodam a tal ponto, que só um estudo sobre o filme (extras do DVD, resenhas de pessoas, conversas com outros) me ajuda a formar uma opinião.
Depois que estreou, passei duas semanas discutindo sobre Fight Club pelo telefone. Tive que ver os extras do Cheiro do Ralo e comprar o livro pra respeitar o filme. Só depois de ler cinco resenhas sobre Das weisse Band é que saquei o filme. Ainda não digeri bem Synecdoche, New York, mas esse é um dos filmes que entra nessa categoria dos filmes que mais incomodam do que qualquer outra coisa. Chegar nessa categoria não é simples. Dogville, por exemplo, é um filme que incomoda pra caramba, mas eu logo soube que tinha gostado dele.
Por indicação da Maíra, me interessei pelo produtor desse filme, Spike Jonze, que dirigiu Being John Malkovich em 1999 (e percebo outra constante: a atriz Catherine Keener no papel de mãe) e Where the wild things are em 2009. Esse último incomoda pela ausência de julgamento que o próprio filme faz sobre a violência numa criança.
O contrário de simples, como aprendi com o Ferrone, não é 'complicado', mas 'complexo'. Em alemão isso é mais fácil de visualizar: simples é 'einfach' = uma faceta; ao passo que 'vielfach' é multifacetado, ou seja, complexo.
domingo, 5 de setembro de 2010
Konsum
Du kannst zwar machen was du willst, aber nicht wollen was du willst
Die Fantastischen Vier - Konsum
Lugar de ser feliz não é supermercado
Zeca Baleiro - Piercing
Muitos shoppings têm supermercado e muitos supermercados estão se shoppidificando: no Pão de Açúcar é possível tomar café, no Carrefour se pode comer um sanduba, no Gonçalves tem restaurante no almoço e no Araújo o restaurante serve almoço e janta.
O homem contemporâneo consome
enquanto os templos de consumo
lhe consomem o tempo de vida.
Die Fantastischen Vier - Konsum
Lugar de ser feliz não é supermercado
Zeca Baleiro - Piercing
Shopping tem praça de alimentação, cinema e lojas. É possível, então, consumir comida, filmes e coisas. O cidadão é convidado a passar longas horas num prédio que tem um clima próprio, um código de conduta próprio (sentar no chão e ler um livro não faz parte do normal, muita gente se veste de uma maneira especial para ir ao shopping, fazer pique-nique, dançar ou cantar chamariam muita atenção) e uma lógica de consumo.
O homem contemporâneo consome
enquanto os templos de consumo
lhe consomem o tempo de vida.
sábado, 4 de setembro de 2010
RevoluCHUVA
Foto que Marcela fez
Andréia
Fomos todos nos abrigar no meio dos instrumentos que estavam sendo desmontados, panelas de vatapá salvas das chuvas torrenciais e isopores de bebidas que precisavam ser depositados em algum lugar. A desordem foi animada, até que as batidas nos atabaques ordenaram nossas atenções.
Outra foto da Marcela
Enquanto a chuva caía, íamos ficando. Uns pensavam na roupa no varal, outros na janela aberta, eu nas goteiras de casa. Quando a chuva forte parou, a primeira banda embarcou sua aparelhagem no carro e zarpou. A segunda banda não permitiu que ninguém seguisse o exemplo e prendeu o público com a música que começou a tocar.
Robson
Enquanto Beradelia tocava, a gente dançava, bebia, conversava e sorria. Fiquei me divertindo com um máquina fotográfica mais profissional que a minha no modo manual. Nem sei quem é a dona da máquina, mas Marcela me mandou algumas fotos que eu fiz (a melhor que eu fiz dela, ela não mandou).

Mais uma foto da Marcela
Quando a quinta pessoa me perguntou como que eu aguentava esses doidos todos estando sóbria, decidi que era hora de ir embora.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Piove
No primeiro dia da semana, ouvi a chuva da minha cama. A decisão se aquele som era sonho ou a tão esperada chuva não foi fácil às 6 da manhã.
Ouvi, nitidamente, como as gotas grossas despencavam nas telhas. Algumas acharam o caminho por entre as telhas e foram pingar no forro. Dentro do meu quarto não teve goteira, mas em outros pontos da casa a chuva deixou suas marcas no chão de madeira. A segunda sensação foi o cheiro do barro das telhas e da poeira da cidade misturado com a primeira água que caía do céu em mais de um mês de secura brava.
A temperatura baixou, a luz caiu, a visibilidade melhorou e a umidade do ar aumentou. As plantas resgataram da memória todo o verde que a estiagem lhes tinha drenado das folhas. Tem chovido esporadicamente desde segunda, mas a previsão de todo dia é que no dia seguinte a chuva cessará.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Nossa assinatura
Fiquei responsável pela exibição de curtas durante a I Semana de Humanides na Unir. Eu tenho muita animação que ainda não encontrou o seu espaço de divulgação, Ninno tem muitos documentários de orientação política. O nosso acervo pessoal deu o norte para esses curtas: documentários e animações.
Mas eu não ficaria sozinha na exibição dos curtas. Paulo, Leo e Carol ficaram cada um responsável pela programação de um dia, eu pela de dois. Tanto Paulo como Leo tiveram que cortar a programação pela metade, porque dividiram o espaço/tempo com apresentações musicais. No meu dia, os curtas não estavam no programa, mas super rolaram. E como foram selecionados por mim, acabaram tendo a minha assinatura: mostrei um documentário sobre os Maxacalis que a Cynthia comentou de tarde no GT dela, dois pequenos documentários sobre a bicicleta e a bicicletada paulistana, dois documentários do projeto Story of Stuff e algumas animações vencedoras do Animamundi e Beltesassar's Animation Festival.
Na mão do Paulo eu dei três DVDs cheios de animações, na mão da Carol depositei um pendrive com 4 gigas de animações + 1 documentário e pro Leo eu disse: confio em você.
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